A cada ano, os modelos de inteligência artificial ficam maiores e mais complexos. Treinar ou rodar esses sistemas em GPUs tradicionais virou um gargalo caro e demorado, que trava a inovação em muitas empresas.
Foi nesse cenário que a NVIDIA lançou os Tensor Cores, núcleos projetados para acelerar cálculos de redes neurais e viabilizar workloads em escala. Eles não são apenas mais rápidos: mudaram a forma de pensar infraestrutura para IA.
Mas o que exatamente são os Tensor Cores, quais benefícios trazem e quando faz sentido adotá-los?
O que são Tensor Cores?
Os Tensor Cores são unidades criadas pela NVIDIA para acelerar multiplicações de matrizes, operação central em redes neurais e deep learning. Enquanto os CUDA Cores executam vários tipos de cálculos em paralelo, os Tensor Cores foram desenhados só para esse tipo de tarefa e entregam muito mais desempenho em cargas de IA.
O diferencial está em como tratam os números. Em vez de usar apenas FP32, eles trabalham também com FP16, BF16 e FP8. Esses formatos usam menos bits e permitem rodar muito mais operações por ciclo sem perder a precisão necessária. O resultado é treino que levava semanas sendo concluído em dias, além de inferência rodando em tempo real.
Essa tecnologia estreou em 2017, com a arquitetura Volta (GPU V100). Foi a primeira vez que uma GPU trouxe núcleos dedicados para cálculos de IA, substituindo a lógica tradicional das GPUs Pascal.
Com o passar das gerações, o salto ficou ainda mais evidente. No H100 (arquitetura Hopper), os Tensor Cores de 4ª geração permitem treinar LLMs com trilhões de parâmetros até 6x mais rápido do que no FP16 tradicional, graças ao uso de FP8 no Transformer Engine.
Essa evolução é o que tornou possível a escala atual da inteligência artificial. Sem Tensor Cores, treinar ou rodar modelos modernos seria inviável em tempo e custo.
Quais os benefícios práticos do Tensor Core?
Para uma empresa, adotar GPUs com Tensor Cores não é apenas uma questão de acelerar cálculos. O efeito aparece diretamente em custos, na forma de escalar projetos e até na velocidade de levar inovação ao mercado. Esses são os principais benefícios:
Custo-benefício direto
Treinos que antes levavam semanas passam a caber em poucos dias. Isso significa menos consumo de energia e menos horas contratadas em nuvem, o que reduz o custo por modelo treinado e aumenta a previsibilidade do ROI.
Flexibilidade de implantação
Empresas podem escolher entre nuvens privadas e públicas para rodar suas cargas.
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Em nuvens privadas, os Tensor Cores garantem performance dedicada, com maior controle de dados e compliance para setores regulados como financeiro e saúde.
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Em nuvens públicas, é possível escalar rapidamente em momentos de pico, como treinos massivos de LLMs ou campanhas de marketing com modelos de recomendação.
Escalabilidade sem CAPEX
Em vez de gastar milhões em clusters que podem ficar ociosos, as empresas ativam GPUs sob demanda. Esse modelo “pague pelo uso” permite crescer de forma elástica, de um POC em poucas GPUs a um cluster com centenas de placas em produção.
Agilidade em projetos de IA
A aceleração encurta ciclos de desenvolvimento. Equipes conseguem testar arquiteturas novas em menos tempo e levar soluções para produção com mais rapidez. Isso é crítico em setores que competem pela inovação, como fintechs, e-commerce e healthtechs.
Desafios e limitações do Tensor Core
Mesmo com todos os avanços, os Tensor Cores não resolvem tudo sozinhos. Existem pontos que precisam de atenção antes de adotar em larga escala.
Compatibilidade com frameworks
Para explorar mixed precision, o framework precisa ter suporte. TensorFlow, PyTorch e JAX já oferecem isso, mas é comum exigir configuração extra ou uso de bibliotecas específicas da NVIDIA.
Gestão de memória em modelos gigantes
Usar FP16 ou FP8 ajuda a economizar memória, mas modelos com centenas de bilhões de parâmetros ainda podem exigir estratégias como pipeline parallelism ou offloading para múltiplas GPUs. Sem esse cuidado, o ganho dos Tensor Cores se perde.
Workloads diferentes, ganhos diferentes
Nem toda aplicação depende tanto de multiplicação de matrizes. Em workloads menores ou com pouca densidade de operações de IA, o benefício pode ser pequeno, e até um cluster de CPUs ou CUDA Cores pode dar conta do recado.
Aplicações e quando usar
Antes de escolher uma GPU ou planejar um cluster, é preciso entender qual é a demanda do projeto. Nem toda aplicação precisa do mesmo nível de aceleração, mas quando o workload envolve cálculos intensivos, os Tensor Cores fazem diferença.
- IA generativa: modelos que produzem texto, imagens e vídeo dependem dessa aceleração para rodar em escala. O ganho em treino e inferência transforma serviços em produtos comerciais.
- Deep Learning e LLMs: com o FP8 no Hopper, grandes modelos de linguagem podem ser treinados até 9x mais rápido. Isso garante eficiência em NLP, visão computacional e modelos multimodais.
- HPC científico: áreas como previsão climática, física de partículas e química computacional exigem precisão. Tensor Cores entregam performance com FP64, encurtando simulações complexas.
- Games e gráficos: na linha GeForce RTX, Tensor Cores alimentam o DLSS e Ray Reconstruction. Eles melhoram a qualidade da imagem e aumentam a fluidez, sem exigir upgrades de hardware.
E como saber se vale usar Tensor Cores? Pense nessas perguntas:
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O modelo tem bilhões de parâmetros ou exige muito treino?
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A aplicação precisa rodar em tempo real, sem atrasos?
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Custos de energia ou GPU na nuvem estão ficando altos demais?
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Há simulações científicas que pedem precisão e velocidade?
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A empresa quer escalar sem investir em clusters próprios?
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O projeto depende de gráficos avançados como DLSS ou Ray Reconstruction?
Se a maioria das respostas for sim, é sinal de que Tensor Cores entregam os ganhos certos em performance, custo e eficiência.
Quais GPUs oferecem a tecnologia Tensor Cores
Hoje, praticamente toda GPU da NVIDIA já vem equipada com Tensor Cores. No segmento de data center, os principais modelos são V100, A100, H100 e H200, cada um representando uma evolução em precisão, throughput e eficiência energética.
Na linha de consumo, os Tensor Cores apareceram pela primeira vez nas RTX 20 e seguiram evoluindo nas RTX 30, 40 e agora 50. Nesta última geração, a NVIDIA já incorporou os Tensor Cores de 5ª geração, prometendo até 45x mais aceleração em workloads de IA em comparação com gerações anteriores.
Se o objetivo é treinar LLMs, rodar IA generativa ou executar simulações científicas, o ideal é optar por GPUs de data center, como H100 ou H200. Elas foram desenhadas para lidar com trilhões de parâmetros e entregar resultados consistentes em escala.
Na EVEO, você encontra GPU sob demanda nos modelos mais avançados da NVIDIA. Assim, sua empresa acessa a performance dos Tensor Cores sem investir em clusters próprios, com suporte local e infraestrutura de nível corporativo.
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