Quando a gestão de TI precisa solucionar as demandas que surgem diariamente, de modo a manter qualidade e a satisfação dos clientes, é preciso recorrer a estratégias específicas. Uma delas, da qual muito se fala, é a tendência das metodologias ágeis, poderosos frameworks que visam organizar as etapas de produção nas companhias e enfrentar os principais problemas.
Depois do chamado manifesto ágil, as metodologias ganharam força e se consolidaram no mercado, praticamente como uma forma de lidar com custos, prazos, stakeholders e equipes internas. Dessa forma, a empresa consegue transformar requisitos em resultados de uma maneira eficiente, adaptada à modernidade.
Se você gostaria de descobrir como esse conceito é estruturado, quais as vantagens dos métodos e como aplicá-los, confira tudo isso e muito mais nos tópicos abaixo.
As metodologias ágeis são estratégias e frameworks que visam agilizar os processos de desenvolvimento de projetos. A partir de uma reavaliação da forma de encarar essas etapas, é possível chegar a resultados alinhados com as expectativas dos clientes, em menos tempo, com menos dores de cabeça para a gestão.
Algumas características importantes para destacar são: etapas iterativas e incrementais para o desenvolvimento, de modo a tornar o processo dinâmico e adaptável, equipes menores, para aumentar o foco e eliminar confusão, colaboração ativa com os clientes, como uma forma de eliminar os gargalos de comunicação que existiam.
Assim, tratam-se não somente de um conjunto de métodos, mas também de uma filosofia, fincada em princípios que estimulam os bons resultados. Por mais que já existissem por volta dos anos 90, somente em 2001, as metodologias ganharam corpo e se estabeleceram como uma solução robusta.
O estopim para isso foi o manifesto ágil, uma declaração de pilares fundamentais de produção, organizada por vários especialistas do ramo. Essa declaração se tornou o sustentáculo da filosofia ágil e o guia para muitas empresas.
A partir do manifesto, podemos resumir muito bem em quatro princípios o que as estratégias ágeis propõem. Primeiro, há um foco maior em comunicação, o que significa demolição dos silos para aumento da colaboração ativa entre colaboradores, bem como entre equipe e clientes, como já falamos. Pretende-se, portanto, desenvolver uma atenção maior nas pessoas.
Segundo, é preciso concentrar os esforços em funcionalidades prontas, e menos em documentação. A prioridade de uma documentação ampla e completa é um dos resquícios de métodos antigos, como cascata. Contudo, as metodologias ágeis surgiram com desenvolvimento incremental e entregas menores, sendo que cada fase gera uma parte funcional do produto.
Terceiro, há maior alinhamento das expectativas, de modo a evitar distanciamento entre os objetivos e a realidade. Além disso, os métodos agile sugerem reuniões com os envolvidos, a fim de tornar tudo claro para todos.
Quarto, os processos devem ser flexíveis e adaptáveis, ou seja, é preferível responder a mudanças do que seguir um plano rígido e estrito. Essa é, aliás, uma forma de dialogar com incidentes e acontecimentos inesperados.
Além do que já mencionamos, existe uma grande atenção aos testes nas metodologias ágeis. Ao contrário de em outras formas de desenvolver produtos, as testagens não são uma etapa específica, mas devem ser realizadas durante todo o processo, a fim de assegurar consistência e alinhamento aos objetivos.
É de extrema importância considerar que os métodos ágeis partilham de princípios e formas de atuação, contudo, eles são diferentes entre si. Cada metodologia é específica e busca esses propósitos de uma forma distinta. Nesse sentido, a gestão precisa não somente conhecer os pilares, como também estudar cada uma das manifestações. Mais adiante neste artigo, faremos uma análise delas e de suas principais especificidades.
Para entender melhor a importância do manifesto ágil e das metodologias, precisamos compreender melhor o que estava acontecendo antes deles se tornarem padrão na indústria.
Na metodologia tradicional de desenvolvimento, a cascata, existem fases rígidas que devem ser seguidas de maneira sequencial: levantamento de requisitos, modelagem, desenvolvimento, testes etc. Estimativas de custos e cronogramas eram feitos com antecedência, em um planejamento prévio.
Isso por muito tempo representou uma abordagem segura e eficiente, contudo, começou a se tornar um problema para as organizações. Afinal, imprevistos ocorriam e surgia sempre a necessidade de alterar os planos desenvolvidos. Entretanto, por conta de sua rigidez, o método não facilitava a adaptação.
Se alguma falha fosse encontrada em fases posteriores aos testes, era muito complicado ter de voltar a essa fase, pois tudo já estava estruturado de maneira sequencial. Cada fase envolvia uma extensa documentação do que foi feito e mudar algo era uma dor de cabeça.
Então, empresas sofriam com prazos extremamente longos e produtos que não estavam alinhados, com muitos erros. Essa questão, por sua vez, gerava uma relação ruim com os clientes, que ficavam insatisfeitos com cada resultado.
Ademais, os contratantes não dispunham de uma forma efetiva de se comunicar com as equipes. Havia um silo que impedia esse contato e, portanto, resultava em distanciamento na produção. Desse modo, os clientes ficavam alheios a muitas escolhas que eram feitas, e isso implicava produtos muito genéricos.
As metodologias ágeis surgiram para resolver todos esses problemas, com métodos modernos e flexíveis para otimizar e acelerar as produções. Além disso, as metodologias também são adaptáveis a novas tecnologias, o que significa que estimulam o uso de automação para otimizar a produtividade internamente.
Com uma abordagem ágil, fica mais fácil tratar erros no meio do processo, já que os testes são intermitentes. Caso seja preciso voltar a uma etapa anterior, em decorrência de imprevisto ou emergência, a equipe pode fazer isso tranquilamente, já que está frequentemente reavaliando os processos, prazos e custos. O cliente está sempre em contato também.
Por focar mais o processo, as pessoas, a criatividade e as funcionalidades, em detrimento de documentação, burocracia e planejamento rígido, as estratégias ágeis tornam os processos enxutos e eficientes. Nenhum esforço será em vão, visto que as atividades são reduzidas ao mínimo necessário para chegar aos resultados esperados.
Outra questão é que as expectativas irreais são eliminadas e trocadas por uma visão do que pode ser feito de acordo com as condições atuais.
Assim, chegamos ao ponto que sintetiza melhor a importância da Agile atualmente: adaptar a produção à modernidade para permitir que as empresas lidem melhor com um alto número de demandas. Ou seja, desse modo, é possível enfrentar os problemas comuns para que a organização se torne flexível o suficiente para atender ao mercado em expansão e consiga responder a todas as solicitações com qualidade.
Agora, vamos conhecer os principais de modelos de metodologias ágeis da atualidade.
A Scrum é extremamente focada em divisão da produção em etapas e em divisão de responsabilidades de todos os envolvidos. Para isso, emprega um vocabulário específico, com termos que devem ser conhecidos antes da implantação. Comecemos com a ideia de Sprint, que representa um ciclo de produção. Cada Sprint dedica-se a resolver um problema e construir uma parte da solução.
Ao final de cada Sprint, há uma reunião para alinhar o processo e o produto, chamada de Review Meeting. Há também encontros diários para reavaliar o que foi criado, compreender o progresso e as dificuldades e planejar próximas etapas, a Daily Scrum. Outro conceito comum é o de Product Backlog, que consiste em um registro com as principais funcionalidades e características do produto a ser desenvolvido.
Com relação aos deveres de cada um, temos alguns termos também. O Product Owner é o gestor do projeto e das necessidades associadas com o produto. Ademais, é dele o controle dos objetivos dos Sprints.
Ao passo que o Scrum Master é quem pensa em como melhorar a metodologia em si, com a administração dos deveres, dos prazos e da produtividade interna. Dentro dessa concepção, temos o Dev Team, que é apenas o time de desenvolvimento.
Extreme Programming (Xp) é outra estratégia muito conhecida e adotada ultimamente, focada especificamente na programação de sistemas. Divide o processo todo em fases menores, com foco maior em trabalho coletivo (programação em pares) e em testes frequentes — sendo que o desenvolvimento é orientado a eles.
Tem como princípio a eficiência e simplicidade, aspectos que guiam os profissionais a entregar somente o que foi pedido.
Por mais que haja o termo “extreme” associado, a Xp defende que a programação seja feita de maneira moderada, até o limite de cada equipe. O ideal é que isso seja realizado em 40 horas semanais, ou seja, apenas nos dias regulares da semana.
Outra ideia muito importante para essa metodologia é a integração contínua. Sempre que uma funcionalidade for produzida, ela deve ser logo compartilhada entre todos, de modo a manter o alinhamento geral.
Aliás, falando em alinhamento, é preciso também estabelecer alguns padrões de codificação, justamente para evitar desequilíbrio e falta de comunicação entre a equipe.
O Feature Driven Development (Desenvolvimento Orientado a Funcionalidade) é, como sugere o nome, bem prático e voltado ao que pode ser desenvolvido. Assim, a criação do produto é separada em etapas, com cada fase se concentrando em uma funcionalidade. Além disso, o planejamento também segue essa característica incremental.
O FDD é caracterizado por duas principais etapas: a concepção do projeto, com a modelagem dos requisitos e o levantamento das principais funcionalidades, e o desenvolvimento propriamente dito, com ciclos para cada função específica, como já falamos.
Vale citar a importância dos testes nessa abordagem, de modo a ajudar no controle de qualidade do resultado. A divisão por funções também ajuda a pensar as responsabilidades internamente: cada profissional fica encarregado de uma função apenas.
O conceito de Lean remete à eficiência. Por isso, ele inspirou uma metodologia focada em simplicidade e em maximizar o retorno sobre o investimento com menos desperdícios. Assim, ele ajuda os gestores a mapear os processos em busca de possíveis gargalos que incorrem em gastos excessivos, de recursos e de tempo.
Além disso, a metodologia traz o conceito de MVP (Minimum Viable Product) como um dos seus principais, de modo a resgatar a atenção para versões funcionais e sucintas que podem ser desenvolvidas em menos tempo.
O ambiente do MSF é de equipes menores. Assim, busca organizar melhor a produção, eliminar os problemas e otimizar a qualidade da versão que é entregue ao cliente. Ademais, esse método ensina que os times devem se concentrar em estruturar muito bem o escopo do produto, criar o produto em ciclos iterativos e trabalhar com respostas ágeis aos riscos e às possíveis mudanças.
O SMART é uma forma de encarar os objetivos e metas de um projeto, com uma visão adequada para a realidade da empresa. A partir de sua aplicação, os líderes serão capazes de estipular metas concretas e de qualidade, que seguem algumas características-chave.
Esses objetivos devem ser possíveis para realmente impulsionar o negócio naquela direção. Afinal, ter propósitos é muito importante, mas se eles forem ruins, não adianta.
Assim, segundo a SMART, as metas devem ser:
A partir disso, a gestão pode estipular alguns alvos para mirar nos ciclos de produção, com a garantia de que a equipe realmente conseguirá chegar nesses resultados. Ao olhar para esse framework, é possível desenvolver planejamentos específicos, que vão incidir em agilidade, produtividade interna e comunicação.
Agora, vamos explorar as principais vantagens de implementar metodologias ágeis em uma empresa.
Apesar de todos os benefícios que as abordagens ágeis trazem para o profissional de TI, é preciso começar com uma grande vantagem para o cliente: mais qualidade do produto final. Isso ocorre por conta da ênfase que é dada aos testes, de tipos diferentes. Como vimos, eles são encorajados em todos os momentos da produção, como uma forma proativa de identificar problemas.
Desse modo, as testagens se tornam eficientes e contribuem para um produto mais consistente e robusto, de acordo com as especificações.
Outra característica positiva da implantação de metodologias ágeis é a personalização maior dos produtos desenvolvidos. Afinal, como já discutimos, o processo envolve maior participação do cliente, com maior feedback ao longo da produção. Essa é a chave para que a empresa crie algo que faça pleno sentido somente para a situação e o cenário daquele contratante, de modo a atender todas as suas necessidades.
Isso é muito útil no caso de clientes que precisam de uma solução muito complexa e/ou específica. A maior participação deles e a reavaliação constante de requisitos e princípios definidos ajudam a trazer o melhor resultado possível, que realmente traz benefícios concretos para o contratante.
Agora, faremos um recorte para discutir benefícios para a equipe interna e para a empresa. Um deles é o aumento de produtividade e agilidade na entrega (menor time to market). Isso ocorre devido à organização maior do processo em pequenas fases, com metas fáceis de alcançar em todas as etapas. Ademais, soma-se também o ideal de eficiência e de tornar a produção mais enxuta e precisa.
Outro benefício para a gestão é a previsibilidade de custos e prazos. Lembremos da metodologia em cascata: nela, um dos momentos era justamente dedicado a uma espécie de definição prévia dos prazos e despesas, contudo, por sua natureza inflexível, esse cronograma sempre apresentava problemas.
As metodologias ágeis permitem uma capacidade de previsão por dividir o processo em etapas pequenas, fáceis de ser visualizadas e gerenciadas.
Dessa maneira, a empresa consegue ter uma visão apenas sobre as próximas semanas, correspondente a um ciclo, por exemplo. Os ciclos mais curtos ajudam a lidar com imprevistos, afinal, a chance desses problemas mudarem o planejamento é menor. Em decorrência disso, é possível também estimar melhor os custos e as despesas em cada iteração.
Por conta da eficiência e da previsibilidade, a aplicação de métodos ágeis representa uma significativa redução de custos para as organizações. Assim, as empresas conseguem lidar com as demandas internas sem gastar muito com a TI, ao manter tudo sustentável. A clareza e visibilidade das etapas ajudam no controle do uso de recursos, bem como do investimento em cada fase.
Essa facilidade em termos financeiros é traduzida em preços mais amigáveis para os clientes também — o que ajuda a fidelizar os contratantes e melhora a experiência deles.
Outro impacto positivo da Agile é a otimização da gestão de equipes remotas. Geralmente, esses métodos envolvem o uso de tecnologia, para compartilhamento de dados instantâneo e colaboração entre os funcionários. Todos conseguem visualizar a mesma interface e estar alinhados ao que os outros estão fazendo.
Desse modo, as metodologias são poderosas para ajudar na tendência de trabalho remoto, uma das características dos empregos na modernidade. É possível gerenciar os times com maior segurança e precisão, de modo a garantir que haja alinhamento de todos em todas as situações possíveis. Como tudo é discutido em reuniões, é possível trabalhar dificuldades específicas de cada ciclo.
Já falamos desse aspecto, porém não é demais reforçar: a flexibilidade é outra grande vantagem. As equipes se tornam prontas para gerenciar mudanças e imprevistos, como problemas em equipamentos, saída de membros, mudança nos requisitos e nas definições dos clientes etc. Tudo isso pode ser administrado para garantia dos melhores resultados, sempre com contato direto com os clientes.
Agora, vamos finalmente entender como colocar essas metodologias em prática.
Primeiramente, escolha um método. Como vimos, existem várias metodologias, e cada uma delas trabalha com aspectos específicos. Assim, é fundamental estudar as características delas e entender qual é mais aplicável no seu negócio. O ideal é procurar estratégias que já funcionam bem no setor, com a busca por aplicações que já foram feitas por outras equipes do mercado.
Em alguns casos, será preciso escolher e adaptar a abordagem escolhida. Se for necessário, você deve seguir esse caminho para assegurar os melhores resultados para a sua empresa em específico.
Depois de escolher a estratégia, pense em cada fase dela. É interessante já pensar na primeira etapa e no que será feito de início para começar. A partir disso, o time pode se reunir com os clientes, processar o que já foi feito e estudar os passos seguintes. É importante entender que a aplicação das metodologias funciona de maneira incremental.
Para assegurar o máximo alinhamento dos membros, você deve dedicar um pouco do seu tempo ao treinamento deles. É preciso treiná-los de acordo com os ideais da abordagem escolhida, bem como com os pilares gerais da filosofia ágil — que estudamos anteriormente.
Com isso, a empresa poderá começar a mudança de cultura que é necessária para implantar com sucesso a Agile. Nesse sentido, é fundamental incentivar o uso de testes, a divisão em equipes menores, a divisão do trabalho em partes menores para cada etapa, bem como a colaboração, o uso de feedbacks entre todos, além de vários outros aspectos.
As metodologias ágeis são extremamente modernas e tecnológicas. Por esse motivo, é de extrema importância adotar algumas ferramentas de gestão de projetos que vão ajudar na visibilidade de informações e no gerenciamento de equipe, cronograma, riscos, custos e recursos.
Podem ser utilizadas ferramentas multiplataforma na nuvem para facilitar ainda mais o acesso à informação. O bom de usar essas aplicações é contar com automação para algumas tarefas, de modo que a gestão consiga focar apenas os requisitos e funcionalidades.
Por fim, não esqueça de reavaliar constantemente a aplicação. Esse é justamente um dos princípios das metodologias, que apresentamos ao longo do artigo.
É fundamental analisar os resultados com indicadores e dados para chegar a decisões melhores sobre as estratégias que foram aplicadas. Ou seja, a gestão precisa monitorar de perto a implantação das abordagens, o que pode ser feito com a ajuda da metodologia Seis Sigma, por exemplo.
A partir dos resultados, será necessário realizar algumas mudanças para personalizar os métodos às condições da empresa. O próprio Scrum pressupõe essas mudanças por atribuir a responsabilidade de cuidar da metodologia ao Scrum Master.
As metodologias ágeis são estratégias modernas e eficientes para transformar a forma como as empresas encaram as suas demandas. A partir do uso delas e da adaptação à filosofia ágil, as equipes se tornam mais eficientes, focadas e colaborativas, de modo a gerar melhores resultados e produtos personalizados. Desse modo, a TI não enfrentará mais problemas com aumento de procura e pressão por resultados.
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